domingo, 1 de fevereiro de 2015

Eu mudei. Só que ninguém acredita

 Eu mudei. Só que ninguém acredita

Como reconquistar a confiança alheia e ser vista como uma nova pessoa?








E se um dia aquela sua colega de trabalho que adora contar vantagens e inventar histórias parasse de mentir? E se aquele amigo que todo mundo sabe que trai a esposa se tornasse um exemplo de fidelidade? Você acreditaria se aquela sua vizinha fofoqueira que adora falar mal de todos passasse a enxergar somente o lado bom dos outros? Você seria capaz de acreditar que todas essas pessoas realmente mudaram e daria uma nova chance a elas?
Era exatamente disso, que as pessoas voltassem a acreditar nela, que a estudante universitária Alcione Correia de Oliveira (foto ao lado), de 18 anos, precisava. Acostumada a mentir desde criança, ela conta que o hábito já estava incorporado ao seu estilo de vida. “Eu mentia por qualquer coisa. Quando estava em uma rodinha de amigos eu não queria parecer inferior, então inventava histórias, viagens, dizia ter feito algo incrível só para não ficar por baixo”, relembra. “Na maioria das vezes, as pessoas até acreditavam em mim, mas eu me atrapalhava muito e elas começaram a desconfiar do que eu contava. Fui perdendo a credibilidade”, acrescenta.
Contudo, na visão do psicólogo Jô Furlan, mudar um comportamento negativo só pela aprovação dos outros pode levar à frustração. “Leva muito tempo para que as pessoas comecem a reconhecer a mudança, portanto, ela deve ser um desejo pessoal para o desenvolvimento daquele indivíduo. Depender do reconhecimento dos outros pode ser frustrante”, esclarece. Ele ainda acrescenta que é justamente aí que reside a raiz da questão. “É comum ouvirmos coisas como ‘me esforcei tanto para mudar e ninguém reconhece’. Identificamos aí a origem do problema, a pessoa não mudou pela necessidade pessoal e sim para que fosse aceita ou reconhecida”, acrescenta o psicólogo.
Traição tem perdão?






Para Tak Chi Wu, de 47 anos, brasileiro de origem chinesa que vive hoje em Hong Kong, reconquistar a confiança da esposa, Aida de Paula Wu, de 48 anos, não foi nada fácil. Isso porque os constantes episódios de traição da parte dele quase levaram mais de 20 anos de casamento por água abaixo. “Houve muitas traições e muitas brigas. Minha esposa chegava até a desmaiar de tão nervosa que ficava por causa das minhas mentiras. Um dia ela arrumou as malas para que eu fosse embora, mas na época nossas duas filhas eram pequenas e ela não queria que as meninas fossem criadas longe do pai. Ela sempre priorizou a união de nossa família e por isso nunca chegamos a nos separar”, relembra Wu.
Apesar de viverem sob o mesmo teto, marido e esposa tinham um relacionamento conturbado. “Ela tinha muita raiva de mim e brigávamos o tempo todo, nossa vida era um inferno. Minha esposa não confiava mais em mim e eu não acreditava mais em reconciliação”, conta ele. O psicólogo destaca que, em casos que envolvem traição, fica especialmente mais difícil reconquistar a confiança do companheiro. “No caso da traição, temos uma situação que depende não somente da mudança de comportamento, mas sim do reconhecimento do outro. Afinal, a grande questão é a confiança que foi comprometida e não se reconstrói rapidamente”, explica.
Deprimida com a situação que se encontrava, Aida aceitou um convite para participar de uma reunião da Universal. Lá, ela descobriu que não deveria apenas restaurar o casamento, como pareceria óbvio, mas primeiramente deveria se amar e resgatar a paz interior. “Ela foi aos poucos mudando e eu percebi isso. Eu também queria mudar e por isso fui atrás desse Deus. Foi através dEle que a mágoa dela foi embora. Hoje, muito felizes, celebramos 25 anos de casamento”, comemora Wu.
Já para Alcione deixar as mentiras no passado foi crucial para voltar a viver em paz com os que a cercavam. “Uma vez, eu falei para meu namorado que tinha sido atropelada, queria despertar a atenção dele, queria que ele se preocupasse comigo. Quando ele descobriu a verdade, brigamos muito e ele se afastou de mim. Depois disso comecei a me tocar. Meus pais já não tinham mais confiança em mim e meus amigos começaram a perceber que eu mentia. Eu estava sozinha e ninguém mais confiava em mim. Percebi que precisava mesmo mudar”, relembra.“Fui parando com as mentiras aos poucos até que parei de vez, mas as pessoas ainda estavam muito desconfiadas. Meus pais ligavam para minhas amigas para confirmar se eu estava mesmo onde dizia a eles, meus amigos começaram a comprovar tudo o que eu falava buscando testemunhas”, explica ao comentar o processo que passou para reconquistar a confiança alheia.






De acordo com o psicólogo, a pessoa que mudou é posta à prova o tempo inteiro. “As pessoas criam crenças em relação a cada um de nós e apenas o tempo e a mudança repetida de comportamento serão capazes de destruir a crença anterior e gerar uma nova. Um exemplo simples: uma pessoa é famosa por sempre chegar atrasada. Ela decide se organizar melhor para que isso não ocorra mais. Passa meses chegando nos compromissos na hora certa. Talvez as pessoas já tenham conseguido substituir a crença que tinham sobre ela chegar atrasada, mas vai bastar apenas um deslize para que as pessoas se lembrem que esse era um hábito dela”, explica.
Alcione não tem dúvidas de que uma vida sem mentiras é a melhor recompensa que ela poderia ter recebido. “Eu me sinto muito melhor, reconquistei a confiança dos outros, tenho liberdade para falar, porque as pessoas acreditam em mim. Eu era insegura, hoje falo com firmeza, porque falo a verdade”.
Para Furlan, a pessoa precisa se preocupar mais com as atitudes do que com as palavras: “Não basta dizer que mudou, é necessário que seus atos comprovem isso por tempo suficiente até que as pessoas construam uma nova imagem a seu respeito”, finaliza.



























IURD distribui Bíblias na Fundação CASA-SPFamiliares e internos recebem exemplaresAgência Unipress InternacionalSÃO PAULO - A Coordenadoria Estadual de Evangelização em Unidades da Fundação CASA, através da Igreja Universal do Reino de Deus, tem como principal objetivo proporcionar meios para que o adolescente receba formação espiritual necessária para que haja mudanças em seu comportamento. Pensando nisso, distribuiu recentemente milhares de Bíblias para os internos e seus familiares. De acordo com o pastor Geraldo Vilhena, é primordial proporcionar meios para que os adolescentes e seus familiares exercitem a fé. Além disso, ao longo do ano são realizadas reuniões semanais nas Unidades e eventos que têm por objetivo a integração entre as famílias. "Procuramos a conscientização de todos sobre a importância de resgatar os valores da família e da formação do jovem para a sociedade", ressalta o pastor Geraldo Melo de Vilhena, coordenador Estadual em evangelização em unidades da Fundação Casa (antiga Febem).

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